terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Teorias de Educação a Distância

Em posts anteriores, foram feitas já algumas reflexões relativamente ao desenvolvimento das tecnologias e aos horizontes que posteriormente se abriram à educação, nomeadamente a EaD e as gerações de EaD.
A origem e a evolução do EaD estão, sem dúvida, relacionadas com as mudanças sócio-económicas que ocorreram durante a 2ª metade do séc. XIX e com as actuais (r)evoluções tecnológicas.
Foundations of Distance Education” (1986), de Desmond Keegan foi uma das primeiras obras a apresentar uma sistematização do pensamento teórico no domínio da educação a distância.
Destacam-se, assim, as principais referências teóricas em educação a distância.

Teoria da Industrialização
Otto Peters, publica, em 1967, uma obra intitulada “Educação a Distância nas Universidade e nas Instituições de Ensino Superior: estrutura didáctica e análise comparativa”.Identifica características dos processos de produção industrial que considera estarem presentes nos sistemas de ensino a distância, justificando, então, que o ensino a distância é um produto da sociedade industrializada.
O Modelo de Peters (teoria da industrialização) apresenta a educação a distância como um produto da Sociedade Industrial, comparável a outras formas industriais de produção de bens. Na sua opinião, a educação a distância está marcada por princípios característicos da Sociedade da Informação. Destacam-se, entre eles, a racionalização, a divisão do trabalho, a produção em série, a atribuição de tarefas a especialistas, a estandardização, a planificação e a automatização.

No entanto, este autor recusa a ideia de que é um proponente e defensor da “industrialização” no processo da educação a distância.

Teoria da autonomia e independência
As teorias que se baseiam na autonomia e independência dos alunos colocam a ênfase no ensino centrado no estudante, promovendo a sua “autonomia” e “independência”, devendo ser atribuídas maiores responsabilidades aos alunos no processo de aprendizagem. Devem ser independentes, estar motivados e serem capazes de resolver sozinhos os problemas de aprendizagem.

Nas Teorias da Autonomia e da Independência incluem-se um conjunto de autores, dos quais se destacam:
Rudolf Delling, perspectiva o estudante como autónomo e independente e como sendo o elemento central de qualquer processo de educação a distância.
Charles Wedemeyer, focaliza-se nos princípios da aprendizagem não-traditional, definindo o conceito de “estudo independente” que propõe em vez de “educação a distância”.
Michael Moore desenvolve o seu pensamento teórico em torno do conceito de “distância transacional”, a partir do qual se determina o grau de autonomia permitido ao estudante pelos diferentes modelos de educação a distância.
Farhad Saba parte do modelo de Michael Moore, analisando-o à luz das potencialidades dos sistemas integrados de telecomunicações e acrescentando-lhe o conceito de “contiguidade virtual” para reforçar a ideia da necessidade de aproximar professores e estudantes, optimizando o diálogo entre eles e eliminando as consequências nefastas decorrentes da separação física.
John Verduin e Thomas Clark, parte também da análise do conceito de “transacção educacional” de Michael Moore, propondo um modelo tridimensional de análise dos sistemas de educação a distância tendo em conta três conceitos: diálogo/apoio, estrutura/competências especializadas e competências gerais/auto-determinação.

Teoria de comunicação e interacção
Holmberg é o mais conhecido dos defensores desta teoria que tem em conta a interacção e a comunicação como aspectos nucleares no conceito de educação a distância. Descreve o processo de interacção em educação a distância, como uma conversa didáctica guiada, perspectivada como um modelo de comunicação que promove o sentimento de “pertença” e gera uma motivação acrescida. A sua teoria do ensino a distância considera permitir a formulação de hipóteses e a sua testagem empírica. Destacam-se também David Sewart, com o conceito de “continuity of concern”; John Daniel, para quem os sistemas de ED têm que incluir actividades “independentes” e actividades “interactivas” (presenciais ou não, síncronas ou assíncronas); D.R. Garrison, que introduz o conceito de “learner control” e Desmond Keegan, que reconhece como traço central da ED a separação entre os “actos de ensino” e os “actos de aprendizagem”.

(Esta reflexão suportou-se no documento electrónico Teorias no domínio de Educação a Distância apresentado pela professora Maria João Gomes, na UC Educação a Distãncia e e-learning.)

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